quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Videoclipes

Impressão minha ou videoclipes antigos eram bem melhores que os atuais? Engraçado que agora com youtubes da vida e uma pá de canais de música (ou seja uma maior oferta de clipes na praça) clipes que passavam na MTV ainda me chamam mais atenção que os atuais...
Nos anos 80, as bandas de rock gringas caprichavam no seu audiovisual e Michael Jackson estourava orçamentos na produção de clipes antológicos cujas coreografias eram (e até hoje são) imitadas mundo afora. Na década de 90, chega ao Brasil a MTV ajudando a desenvolver a cena de rock por essas bandas e nos anos 2000 temos o mp3 que abalou o pop e a difícil tarefa de eleger “a melhor banda de todos os tempos da última semana” (parafraseando a música do Titãs de mesmo nome).
O sucesso das cantoras Lady Gaga e Beyoncé, passa pelos videoclipes, creio eu. Afinal seus clipes coreografados e bem produzidos são um alento em meio aqueles velhos vídeos clichês de hip-hop “pimp” (cordões de ouro em forma de $, mulheres gostosonas e carros turbinados) que ainda reinam nas paradas musicais.
Sem querer pagar de nostálgico, mas digam aí qual foi a última vez que assistiram a um clipe que chamasse a atenção de vocês? E qual o clipe que vocês mais gostam? Caixa aberta para comentários, caso não consigam comentar, podem me escrever: leojorgeramos@gmail.com

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Internacionalização da Amazônia

Durante debate ocorrido no mês de Novembro de 2000, em uma universidade, nos Estados Unidos, o ex-governador do Distrito Federal, e atualmente senador Cristovam Buarque (PDT), foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. Um jovem introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro. Segundo Cristovam, foi a primeira vez que um debatedor determinou a ótica humanista como o ponto de partida para a sua resposta:

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso. Como humanista, sentindo e risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade. Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado
Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.
Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a Humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveriam pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida.
Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar; que morram quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa."

(*) Cristovam Buarque foi governador do Distrito Federal pelo PT, ministro da educação e reitor da Universidade de Brasília (UnB), nos anos 90.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sobre rádios durante a madrugada

Eu adoro rádio. Acho o mais democrático dos meios de comunicação, estando presente desde um simples radinho de pilha ao mais avançado dos ipods. Nas férias passadas tive a oportunidade de fazer um curso de locução e pude cobrir o desfile de carnaval das escolas de samba do Rio numa rádio aqui em Niterói, foi uma experiência muito bacana.
O que me deixa chateado é a baixa qualidade do rádio (pelo menos aqui no Rio), cujo o dial está entregue a rádios que só tocam músicas impostas pela gravadora (num esquema conhecido como jabá) ou músicas católicas/evangélicas, mas ainda há salvação e ela ocorre durante a madrugada... Talvez pelo fato de os níveis de audiência serem menores, a programação da madrugada é muito melhor! Experimente ouvir alguma rádio de músicas (ou até mesmo de notícias) durante a madrugada e veja a diferença. Na madrugada de domingo para segunda, quando voltava de São Paulo para o Rio de ônibus, tive a sorte de escutar um ótimo programa na CBN (860 am ou 92.5 fm) sobre os 20 anos de morte da cantora Nara Leão: http://cbn.globoradio.globo.com/programas/sala-de-musica/2010/01/30/REPRISE-ESPECIAL-SOBRE-OS-20-ANOS-DA-MORTE-DE-NARA-LEAO.htm Nesse link vocês podem ouvir o programa especial sobre a cantora musa da bossa nova que em plena ditadura dava entrevista contra o regime militar (fato este que quase a levou presa, tendo sido necessária a ajuda do escritor e amigo Carlos Drummond de Andrade que escreveu esse belo poema para Nara):

“Meu honrado marechal
dirigente da nação,
venho fazer-lhe um apelo:
não prenda Nara Leão (...)
A menina disse coisas
de causar estremeção?
Pois a voz de uma garota
abala a Revolução?
Narinha quis separar
o civil do capitão?
Em nossa ordem social
lançar desagregação?
Será que ela tem na fala,
mais do que charme, canhão?
Ou pensam que, pelo nome,
em vez de Nara, é leão? (...)
Que disse a mocinha, enfim,
De inspirado pelo Cão?
Que é pela paz e amor
e contra a destruição?
Deu seu palpite em política,
favorável à eleição
de um bom paisano – isso é crime,
acaso, de alta traição?
E depois, se não há preso
político, na ocasião,
por que fazer da menina
uma única exceção? (...)
Nara é pássaro, sabia?
E nem adianta prisão
para a voz que, pelos ares,
espalha sua canção.
Meu ilustre marechal
dirigente da nação,
não deixe, nem de brinquedo,
que prendam Nara Leão.” - Carlos Drummond de Andrade

Ainda sobre rádios fica a dica de leitura: “A onda maldita – como nasceu e quem assassinou a fluminense FM” de Luiz Antonio Mello Editora Xamã, 1999. Livro que reconta a história de uma rádio de rock muito famosa no Rio de Janeiro dos anos 80.