quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A violência é tão fascinante e nossas vidas são tão normais*

* Verso da canção Baader-meinhof blues, música do primeiro disco da Legião urbana cujo título é o nome de uma organização terrorista alemã de extrema esquerda.


Podia estar aqui escrevendo sobre os bons momentos que tem acontecido na minha vida ultimamente, sobre fotografias, sobre ontem ter terminado a UFRJ e ter saído de lá com 2 diplomas depois de 6 anos, mas essa onda de ataques no Rio de Janeiro me brochou totalmente a escrever alguma coisa e me faz perguntar porque infelizmente, nós sociólogos só aparecemos em eleições e situações de violência urbana...

Crônica da cidade do Rio de Janeiro *

No alto da noite do Rio de Janeiro, luminoso, generoso, o Cristo Redentor estende seus braços. Debaixo desses braços os netos de escravos encontram amparo.
Uma mulher descalça olha o Cristo, lá de baixo, e apontando seu fulgor, diz muito tristemente:
- Daqui a pouco não estará mais aí. Ouvi dizer que vão tirar ele daí.
- Não se preocupe – tranqüiliza uma vizinha. – Não se preocupe: Ele volta.
A polícia mata muitos, e mais ainda mata a economia. Na cidade violentas soam tiros e também tambores: os atabaques ansiosos de consolo e de vingança, chamam os deuses africanos. Cristo sozinho não basta.


* Eduardo Galeano Livro dos abraços, pág 78. 1989 (mas super atual)

Um comentário:

Usui de Itamaracá disse...

Adoro esse livro do Galeano! Dei a sorte de topar om ele num sebo perto da praça do Rink!
Dois diplomas é coisa à beça, hein, cara! rsrs sucesso! To admirada do teu blog!